Catanduva faz 107 anos: relembre a fundação e os primeiros 20 anos.


Ernesto Ramalho traçou no mapa o arruamento inicial da cidade em cima da mesa de trabalho, xícara de café ao lado dos papéis. A partir da Estação Ferroviária, morro acima, riscou o braço maior da cruz de Cristo - a Rua Brasil. Cem metros abaixo, riscou o braço menor: o antigo Parque das Américas: como são três, ele desenhou três seções ocupadas por imenso jardim.

Os veículos subiam a rua Brasil, porque esse era o percurso lógico de uma cidade em crescimento, como a espinha dorsal da criança ao alongar-se rumo à adolescência.

A rua fronteira à estrada de ferro ele chamou de Rio de Janeiro, capital da República por 60 anos. A paralela ascendente foi chamada de São Paulo, nosso Estado. Visionário, deu-se conta da expansão da futura cidade. Traçou-lhe as radiais: 7 de Setembro e 15 de Novembro.

A República de 89 instalou-se em Catanduva em 1918 com Ramalho: 13 de Maio, 24 de Fevereiro, 21 de Abril, 3 de Maio. Civilista, brincou com linhas gregas, cruzamentos e entrecruzamentos, Estado e capital: Pará/Belém, Amazonas/Manaus, Rio Grande do Norte/Natal, Paraná/Curitiba, Santa Catarina/Florianópolis. Catanduva virou um Atlas sociopolítico de escala diminuída.

O relato dos primeiros 20 anos do município é do professor Luiz Roberto Benatti, in memoriam, recuperado nos arquivos de O Regional, que traz ao final menção a expoentes do planejamento urbano. “Catanduva ergueu-se da prancheta pelas mãos de Ramalho. Ele desenhou nossa topografia urbana 60 anos antes de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, em Brasília”, salientou.

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